Cavidade Oral
A cavidade oral é revestida por três regiões discerníveis de mucosas: mucosa mastigatória, mucosa de revestimento e mucosa especializada, que são compostas por epitélio estratificado pavimentoso, o qual varia quanto a sua queratinização associado a uma lâmina própria de tecido conjuntivo.
A mucosa mastigatória é classificada como um tecido epitelial estratificado pavimentoso queratinizado com um tecido conjuntivo denso não modelado subjacente e está presente em regiões expostas a agressões mecânicas durante a mastigação como gengiva e palato duro. Já os lábios, bochechas, a superfície mucosa alveolar, o assoalho da boca, a região ventral da língua e o palato mole são recobertos pela mucosa de revestimento classificada como epitélio estratificado pavimentoso não-queratinizado associado a um tecido conjuntivo denso não modelado menos fibroso que o anterior. E por fim, a mucosa especializada, que está presente na superfície dorsal da língua, caracterizada pela presença de papilas gustativas e botões gustativos, os quais são importantes para a percepção química do paladar.
Lábio
O lábio é formado por um eixo de fibras musculares estriadas esqueléticas revestido por três regiões de epitélio discerníveis associadas a um tecido conjuntivo: face externa, zona de transição ou borda vermelha e face interna. De um modo geral, o conjuntivo subepitelial é composto por tecido conjuntivo frouxo.
A face externa é coberta por pele delgada formada por epitélio estratificado pavimentoso queratinizado que contém glândulas sudoríparas apócrinas, folículos pilosos e glândulas sebáceas. Essa região é contínua com a borda vermelha que é desprovida de anexos cutâneos e revestida por epitélio estratificado pavimentoso paraqueratinizado. E, por fim, a face interna é recoberta por mucosa oral, revestida por epitélio estratificado pavimentoso não-queratinizado e esta contém algumas glândulas salivares mucosas pequenas que se abrem através de seus ductos na superfície.
Língua
A língua é um órgão muscular formado por músculos extrínsecos, com inserção fora da língua e que são responsáveis pelo movimento, e por músculos intrínsecos os quais estão inteiramente inseridos na própria língua moldando seu formato, sendo todos os grupos musculares são classificados como tecido muscular estriado esquelético. As fibras musculares formam feixes musculares que se entrecruzam em três planos distintos e que se separam por uma quantidade variável de tecido conjuntivo.
Macroscopicamente, a língua divide-se em dois terços anteriores e um terço posterior por meio do sulco terminal da língua em forma de V e em duas superfícies laterais. A superfície ventral da língua é revestida por uma mucosa de revestimento e a região dorsal é recoberta pela mucosa especializada contendo papilas linguais. Nos dois terços anteriores observamos majoritariamente papilas filiformes que não possuem botão gustativo e papilas fungiformes que possuem botões gustativos. No V lingual observamos as papilas circunvaladas que possuem botões gustativos. A porção posterior, conhecida como raiz da língua, apresenta mucosa de revestimento, neste local encontramos as tonsilas linguais.
Papilas Linguais
As papilas linguais são irregularidades formadas por elevações da mucosa que assumem diferentes formas e funções e dividem-se em quatro tipos: papilas filiformes, fungiformes, foliáceas e circunvaladas.
Papilas Filiformes
Apresentam formato cônico alongado e são as mais numerosas, recobrindo a maior parte da superfície dorsal sendo revestidas por epitélio estratificado pavimentoso altamente queratinizado desprovido de botões gustativos, apresentando função mecânica e não sensorial.
São projeções de formato similar a um cogumelo apresentando um pedículo conectado a uma área mais larga voltada para a superfície da língua. Apresenta epitélio estratificado pavimentoso não-queratinizado apresentando botões gustativos na face dorsal de sua porção mais alargada e são mais numerosas nas proximidades da ponta da língua.
Estão localizadas na região póstero-lateral da língua e formam cristas baixas e paralelas intercaladas com sulcos verticais onde desembocam ductos de glândulas salivares menores serosas. Essas papilas se apresentam principalmente na superfície lateral e posterior da língua e apresentam botões gustativos funcionais nos recém-nascidos e em indivíduos mais jovens porém se degeneram em idosos.
LOREM IPSUM
Glândulas Salivares
A cavidade oral apresenta glândulas salivares menores localizadas na região submucosa e que desembocam por meio de ductos curtos sendo nomeadas de acordo com a sua localização. Há ainda três pares de glândulas salivares maiores: as glândulas parótidas, submandibulares e sublinguais. De um modo geral, esses pares glandulares são circundadas por uma cápsula de tecido conjuntivo denso, a partir do qual são emitidos septos de tecido conjuntivo que contém vasos sanguíneos e ductos excretores e que são responsáveis por dividir as glândulas em em lobos e lóbulos. A estrutura secretora básica é formada por ácinos de células serosas, mucosas ou mistas. A secreção e a classificação dos três tipos de glândulas salivares maiores variam conforme a frequência dos tipos de ácinos secretores.
O lúmen dos ácinos salivares são contínuos com um sistema de ductos com três segmentos distintos: ductos intercalares que são intralobulares, ductos estriados e ductos excretores que desembocam na cavidade oral. Os ductos intercalares são formados por uma única camada de pequenas células cubóides e por algumas células mioepiteliais e se unem para originar os ductos estriados que são revestidos por epitélio simples inicialmente cúbico que varia para cilíndrico conforme se aproxima dos ductos excretores. São denominados estriados pela presença de invaginações da membrana basal das células que revestem o ducto que se apresentam na microscopia óptica na forma de estriações. O epitélio dos ductos excretores inicialmente é cilíndrico simples e a medida em que o diâmetro do ducto aumenta conforme se aproxima da cavidade oral, modifica-se gradualmente para um epitélio pseudoestratificado colunar e, por fim, estratificado pavimentoso.
Glândula Parótida
É o maior par de glândulas salivares maiores e apresenta localização subcutânea, abaixo e em frente a orelha, sendo composta puramente por ácinos serosos, cuja secreção tem altos níveis de amilase salivar. Apresenta cápsula e septos de tecido conjuntivo denso que com a idade há o aparecimento de tecido adiposo no tecido conjuntivo que compõem os septos glandulares.
Glândula Submandibular
Estão localizadas no assoalho da boca, na região do triângulo submandibular do pescoço. São responsáveis pela produção de cerca de 60% do total da saliva produzida. Apresenta, predominantemente, ácinos serosos com alguns túbulos mucosos associados a semi-luas serosas. Seus ductos estriados são mais longos e muito presentes nos cortes transversais. A cápsula de tecido conjuntivo é extensa e forma septos abundantes que dividem a glândula em lobos e lóbulos. Na meia-idade, observa-se a presença de tecido adiposo.
Glândula Sublingual
Estão localizadas no assoalho da boca, na região do triângulo submandibular do pescoço. São responsáveis pela produção de cerca de 60% do total da saliva produzida. Apresenta, predominantemente, ácinos serosos com alguns túbulos mucosos associados a semi-luas serosas. Seus ductos estriados são mais longos e muito presentes nos cortes transversais. A cápsula de tecido conjuntivo é extensa e forma septos abundantes que dividem a glândula em lobos e lóbulos. Na meia-idade, observa-se a presença de tecido adiposo.
Glândula Salivar - Ductos Excretor e Estriado
Tubo Digestório
O canal alimentar é um tubo oco com um lúmen de tamanho variável que se estende a partir da parte proximal do Esôfago até a parte distal do canal anal apresentando uma estrutura histológica geral básica. Sua parede é circundada por quatro camadas distintas: mucosa, submucosa, muscular e serosa ou adventícia.
A camada mucosa é limítrofe com o lúmen sendo composta por epitélio de revestimento associado a uma lâmina própria de tecido conjuntivo e uma camada muscular da mucosa composta de músculo liso. Em seguida há uma submucosa que consiste de tecido conjuntivo denso não modelado, uma camada muscular externa que em sua maior parte divide-se em uma camada circular interna e uma camada longitudinal externa e na região mais externa da parede há uma adventícia ou serosa.
O epitélio da camada mucosa apresenta variações ao longo do trato digestório conforme a função do órgão revestido, mas de um modo geral, desempenha funções de proteção, absorção e secreção. A lâmina própria da mucosa é um tecido conjuntivo frouxo altamente vascularizado que pode conter glândulas, vasos linfáticos e eventualmente tecidos linfóides associados à mucosa (MALT). Circundando esse tecido conjuntivo está uma muscular da mucosa composta por músculo liso dividido em duas sub camadas delgadas, uma camada circular interna e uma camada longitudinal externa, que promovem a movimentação da mucosa independente de outros movimentos do trato digestório, favorecendo aumento do contato da mucosa com o alimento.
A submucosa é um tecido conjuntivo fribroelástico que contém glândulas em algumas regiões específicas do canal alimentar, como no esôfago e no duodeno. Essa camada é rica em vasos sanguíneos, vasos linfáticos e apresenta o plexo submucoso de Meissner, que é um componente do sistema nervoso entérico que controla a motilidade da mucosa e atividade secretora de glândulas.
A túnica muscular é responsável pela atividade peristáltica, e em maior parte é composta por músculo liso, com exceção da porção inicial do esôfago que apresenta tecido muscular estriado esquelético. Geralmente, é constituída de uma camada circular interna e uma camada longitudinal interna e entre elas há um componente do sistema nervoso entérico denominado plexo mioentérico de Auerbach que controla sua contratilidade.
Mais externamente, o canal alimentar é revestido por uma camada de tecido conjuntivo que pode ou não ser revestida por um mesotélio. Quando estamos diante de uma região intraperitoneal, ela é recoberta por peritônio, sendo conhecida como camada serosa. Se o órgão é retroperitoneal, ele fica aderido à parede do corpo por um tecido conjuntivo frouxo conhecido como adventícia, que contém tecido adiposo, vasos e nervos.
Esôfago
A mucosa esofagiana é revestida por um epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado, a lâmina própria apresenta ocasionais nódulos linfóides e, na região proximal ao estômago, pode apresentar glândulas cárdicas esofágicas. A camada muscular da mucosa é inicialmente composta por uma camada delgada de músculo liso disposta longitudinalmente que vai se espessando conforme se aproxima do estômago.
A submucosa é constituída de tecido conjuntivo fibroelástico e apresenta glândulas mucosas denominadas glândulas esofágicas propriamente ditas
A túnica muscular externa do esôfago, em seu terço proximal é composta por fibras de músculo estriado esquelético, no terço médio apresenta músculo estriado esquelético e liso e em seu terço inferior apresenta apenas fibras de músculo liso.
O esôfago é recoberto por uma adventícia até ultrapassar o diafragma, quando então passa a ser recoberto pela serosa.
Estômago
Histologicamente o estômago se divide em três regiões: cárdica, fundo ou corpo e pilórica. A região cárdica é uma área estreita logo após a junção gastroesofágica contínua com o fundo ou corpo que são responsáveis pela produção de secreções e, por fim, a região antropilórica estreita e afunilada na região proximal ao duodeno. A parede do estômago apresenta pregas longitudinais transitórias da mucosa e da submucosa que permitem uma adaptação a distensão à medida em que o órgão se enche de alimento e suco gástrico.
A mucosa do estômago é revestida por um epitélio cilíndrico simples formado por células de revestimento superficial e que forma invaginações denominadas fossetas ou fovéolas gástricas que aumentam a superfície de revestimento gástrico e constituem o local em que às glândulas gástricas liberam sua secreção.
Diferente das outras regiões do canal alimentar, a camada muscular externa do estômago divide-se em três regiões: camada oblíqua interna, camada circular média, especialmente pronunciar na região pilórica onde forma o esfíncter pilórico, e camada longitudinal externa, mais evidente na região cárdica.
O estômago é inteiramente revestido por serosa, sendo constituído de tecido conjuntivo frouxo recoberto por um epitélio simples pavimentoso denominado mesotélio.
Fossetas gástricas sãos mais rasas e as bases das glândulas cárdicas são altamente contorcidas, sendo compostas por células de revestimento superficial, algumas células enteroendócrinas, células mucosas do cólon, parietais, porém sem apresentar células principais.
As glândulas fúndicas presentes na região de fundo/corpo do estômago estendem-se da camada muscular da mucosa à base de uma fosseta gástrica e divide-se em três regiões: istmo, colo e base. O epitélio glandular é composto por seis tipos celulares que predominam em determinadas regiões da glândula: células de revestimento superficial, células mucosas do cólon, células-tronco, células parietais ou oxínticas, células principais ou zminogênicas e células neuroendócrinas.
As fossetas gástricas são mais profundas e estendem-se até a metade da lâmina própria. Os tipos celulares que predominam nas glândulas pilóricas são as células mucosas do cólon que formam glândulas altamente contorcidas e ramificadas e observa-se a ausência de células parietais.
Intestino Delgado
O intestino delgado divide-se em três regiões: duodeno, jejuno e íleo. A superfície luminal é ampliada pela formação de pregas circulares, vilosidades e microvilosidades. As pregas circulares são pregas permanentes e transversais que apresentam um eixo de submucosa e de mucosa, as vilosidades são projeções digitiformes de lâmina própria revestidas por mucosa. Já as microvilosidades são especializações apicais de membrana das células epiteliais que revestem as vilosidades intestinais.
Especializações de membrana apical para absorção
A mucosa intestinal é revestida por epitélio cilíndrico simples com borda em escova e células caliciformes que sofre invaginações para o interior da lâmina própria e forma às glândulas intestinais, denominadas criptas de Lieberkuhn. Essas criptas intestinais são glândulas tubulares simples constituídas de células enteroendócrinas, células absortivas superficiais, células caliciformes, células-tronco e células de Paneth, que apresentam grânulos eosinofílicos em sua porção mais apical.
A submucosa do intestino delgado é constituída de tecido fibroelástico com rico suprimento linfático e vascular que se diferencia na região do duodeno, onde será possível observar a presença das glândulas de Brunner.
A camada muscular externa apresenta a conformação clássica em duas camadas: uma circular interna e uma longitudinal externa de músculo liso e com o plexo mioentérico entre elas.
Com exceção da segunda e da terceira partes do duodeno que apresentam a adventícia, todo o intestino delgado é revestido por serosa.
A mucosa do duodeno é a região que apresenta vilosidades mais numerosas. Na camada submucosa do duodeno observa-se a presença das glândulas de Brunner, que são tubulosas ramificadas e com porções secretoras similares a de ácinos mucosos. Secretam fluido mucoso alcalino em resposta a estímulos parassimpáticos com o objetivo de neutralizar a acidez do quimo proveniente do estômago.
Apresenta numerosas vilosidades alongadas e espessas, porém não apresenta glândulas na submucosa e o componente linfóide na lâmina própria não é tão organizado como no íleo.
Apresenta pregas menos numerosas, mais largas e achatadas, sem glândulas na camada submucosa e sendo possível observar a formação de agregados linfóides denominados Placas de Peyer na lâmina própria da camada mucosa.
Intestino Grosso
É dividido em ceco, cólon ascendente, transverso, descendente e sigmóide, reto e ânus, sendo responsável pela absorção de água e íons e por compactar o quimo em fezes para sua eliminação. O ceco e o colo são histologicamente indistinguíveis e tratados como uma única entidade histológica denominada colo.
A mucosa do colo é composta por numerosas criptas de Lieberkuhn semelhantes às observados no intestino delgado, porém não apresenta as células de Paneth. As células caliciformes são muito numerosas e aumentam a quantidade do ceco em direção ao cólon sigmóide. A lâmina própria, a camada muscular da mucosa e a submucosa do cólon assemelha-se às do intestino delgado.
A túnica muscular externa diferencia-se pela formação de feixes musculares denominados tênias do colo na camada longitudinal externa. Essas tênias permitem a manutenção de um tônus constante que forma as pregas no intestino denominadas saculações do colo. A serosa que reveste o colo forma bolsas de tecido adiposo unilocular denominadas apêndices.
Glândulas Anexas
Fígado
texto
Pâncreas
O pâncreas é um órgão de função mista que apresenta uma porção exócrina acinosa serosa e por uma porção endócrina formada pelas ilhotas de Langerhans.
As células acinosas que compõem as glândulas exócrinas acinosas apresentam núcleo arredondado posicionado na região mais basal, circuncidado por um citoplasma basofílico com a presença de grânulos de secreção eosinofílicos no citoplasma apical da célula. Do centro de cada ácino partem os ductos intercalares, cuja porção intra-acinar é constituída de células centroacinares claras e cubóides. Os ductos intercalares se unem para formar os ductos intralobulares que convergem para formar os ductos interlobulares, os quais secretam seu conteúdo no ducto pancreático principal que se une ao ducto biliar comum antes de se abrir na papila de Vater no duodeno.
Já o pâncreas endócrino é constituídos por agregados arredondados de células dispersas entre os ácinos serosos que formam às ilhotas pancreáticas ou de Langerhans, cujo parênquima é constituído de células beta, células alfa, células, delta, células PP e células G que são indiferenciáveis na microscopia óptica.